Os carros
deixaram de passar Ao longe ouço uma ambulância E tu não me
sais do pensamento Lá fora está a tempestade O vento sopra ilusões De amores desvirtuados E corações
mentirosos Recordam-se memorias Que nos ligam ao passado Se
tentamos abrir a porta Não estamos preparados Somos paradoxos
do destino Uma analogia dos tempos Sem encontrar
caminho Gritamos alto sem dizer palavra Vivemos na estupidez
Não discernimos o bem do mal A noite sombria escurece Neste
mundo somos apenas miudezas.
Chego a casa e já nada te
digo
Eu sei que estás à minha espera
Sinto vontade de voltar a sair
Mas preciso que me escutes.
Sente o meu silêncio
A melodia de palavras mudas
Escuta-me com o coração
Sente-me com a alma,
Talvez até tenhas ciúmes Sabendo que não estamos sós!
A minha atracção é forte
Ás vezes, não me consigo conter
Tenho que a abraçar
Como se fosse a primeira vez,
Quando o faço, nada faço para a largar
Mas tu insistes em ficar a ver!
Falas-me de um futuro que è talvez
Lá longe , acenas-me com o horizonte.
Tudo que era só meu
Vejo-o partilhado contigo,
As noites belas
As estrelas que coleccionei
Falas dos meus poetas
Dizes que também são teus
Pedes-me para voar
E declamar um poema.
Estou cansado de ti
Tu és a minha timidez
Vivo na tua sombra
A qual nunca vi
Vejo apenas a minha.
Faz tempo que vivemos juntos
Gostava de dizer que te amo,
Mas tenho medo que não me deixes!
Não pretendo continuar contigo
Quero ficar só com ela
Contigo sinto-me triste
Ela faz-me alegre e no seu corpo
Posso dedilhar a música de uma balada
Acompanha-me no declamar de um poema
Dedicado à alegria de viver
Para me esquecer de ti...SOLIDÃO.
Sempre que posso, fujo para junto de
ti! Seja de verão ou de inverno, estejas revoltado ou não, gosto
de estar próximo de ti. Junto de ti somos todos iguais, até os
mais valentões, não passam de meras miniaturas. Tenho o
privilégio de viver a poucos kilómetros do teu reino, sinto-me
fazer parte dele ou será que és tu a fazer parte de mim? Não
sei! Sei que me sinto bem quando te vejo, gosto de ver o teu vai e
vem, por vezes pareces-me um adolescente, quando vês a praia não
fazes mais que te rebolar em cima dela. Depois de te deliciares, recuas e è nesse instante que
muitas vezes ceifas algumas vidas, umas inocentes, outras pecadoras
as quais tu não distingues.
São pessoas incautas que estão no
lugar errado na hora errada, pessoas que se quiserem podem fazer
outro percurso, mas tu não, tu tens as tuas regras em cada uma das
vezes que vens a terra, recuas sempre com força, com muita
velocidade e quase sempre pelo mesmo sitio! Mesmo gostando de ti,
já me assustaste duas vezes, confesso que fui eu que infringi as
regras por não respeitar o teu espaço e por não ter em conta as
regras do jogo quando me deixas entrar dentro de ti. Mesmo assim
sinto-me bem, sempre que estou frente a frente contigo, gosto muito
de te ver nos dias de inverno, naqueles dias de muita chuva e vento
forte, ali frente a frente contigo, ouvir o teu grito forte e a
saltares até quase chegares à marginal aonde me encontro, não sei
se para me fazeres companhia ou se também tens momentos de
solidão? Ver-te e sentir o teu cheiro, para mim è como uma
terapia, nesse momento não me sinto só, junto a ti penso em tudo,
nos bons e maus momentos, passo muitas horas junto a ti a olhar-te, a
observar cada um dos teus movimentos e até cada uma das tuas boas ou
más indisposições, mesmo assim confirmo, por mais que te visite,
de dia ou de noite, á mesma hora e no mesmo lugar, tu tens sempre
algo de diferente para me mostrares!
Chego até a pensar que estás
à minha espera, para me dares conta de todo o mal que te causam ao
fazerem de ti um simples contentor do lixo e em ti depositarem tudo o
que os homens inventam de mau e perigoso para a natureza. Tu
também tens vida, por isso, tens momentos de calmaria, de angústia,
dor e de agitação. Nos dias em que estás nervoso, deitas
grandes bochechos de água para a marginal, é talvez a tua forma de
quereres dizer basta! Eu gostava de te poder valer e ter a
solução, para te darem um bom banho, tirarem-te toda a porcaria que
tens depositada em ti, até ficares limpo, mas quem o pode fazer não
te ouve ou faz orelhas moucas. Tu comportas-te como qualquer
humano, uma força viva da natureza, depois do teu nervosismo e
chapiscares a marginal com os teus bochechos de água, depois da
tempestade vem sempre a calmaria, a tua doçura, a imensidão, o teu
cheiro a tua beleza! Quero expressar aqui a minha gratidão por
fazeres parte da minha vida, ou sou eu que faço parte da tua? Seja
de um modo ou de outro o que te quero dizer é que: GOSTO MUITO DE
TI OCEANO ATLÂNTICO.