domingo, 6 de julho de 2014

RAFEIRO!






Corro atrás das gatas
Minha cama é um palheiro
Sou um ilustre  vira latas
Sou um cão puro rafeiro!
As cadelas da minha rua
São como fornos em chama
A
mais bela despe-se nua
E dorme debaixo da cama.
Pela manha põe-se de pé
Dá-me fruta sem caroço
Em vez do bom café
Atira-me carne sem osso.
Tenho uma risca no peito
Que me faz muito charmoso
Sou um cão de respeito
Que elas dizem ser gostoso
O dia vai continuar
Eu caminho em quatro patas
Se nada tiver para almoçar
Tenho que mastigar umas gatas
Gatas e cadelas obsoletas
São lindas como as flores
Põem-me andar de muletas
São umas queridas uns amores
Se continuar assim
Largo a pele por inteiro
Vou ter o mesmo fim
Que tem qualquer rafeiro
 
 











 Nota: A Ruth fez questão de trazer o marido no seu último adeus, confesso que mesmo depois de morto, ali coberto de flores e esticado me emocionei!


Já me vejo morto no contentor
E as princesas a chorar
Vão ali depositar uma flor
E dar um ultimo olhar


E eu sorridente matreiro
Ali estou todo esticado
Para elas um lindo rafeiro
Que foi o seu namorado

No contentor bem esticado
Com o meu fato domingueiro
Elas choram uma para cada lado
A partida do seu doce rafeiro!



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